quinta-feira, 19 de julho de 2007

"O espírito não nasce nem morre, apenas entra e sai de corpos perecíveis. O fogo não o queima"

Andas triste por algo que tristeza não merece – e tuas palavras carecem de sabedoria. O sábio, porém, não se entristece com nada, nem por causa dos mortos nem por causa dos vivos.

Nunca houve tempo em que eu não existisse, nem tu, nem algum
desses príncipes – nem jamais haverá tempo em que algum de nós deixe
de existir em seu Ser real.

O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada
experimenta infância, maturidade e velhice dentro do mesmo corpo,
assim passa também de corpo a corpo – sabem os iluminados e não se
entristecem.

Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios,
experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento –
estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza.
Suporta-as com paciência!

Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio de prazer e
sofrimento, somente esse é que atinge imortalidade.

O que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir.
Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como
daquilo, a diferença entre o Ser e o parecer.

Compreende como certo, ó Arjuna, que indestrutível é aquilo que
permeia o Universo todo; ninguém pode destruir o que é imperecível, a
Realidade.

Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito – eterna,
indestrutível, infinita é a alma que neles habita. Por isto, ó
Arjuna, luta!

Quem pensa que é a alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre, não
conhece a Verdade. O Eu não pode matar nem morrer.

O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E, uma vez que existe, nunca
deixará de existir. Sem nascimento, sem morte, imutável, eterno –
sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição do
corpo (material).

Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível e eterna, sem
nascimento nem morte, sabe que a essência não pode morrer, ainda que
as formas pereçam.

Assim como o homem se despoja de uma roupa gasta e veste roupa
nova, assim também a alma incorporada se despoja de corpos gastos e
veste corpos novos.

Armas não ferem o Eu, fogo não queima, águas não molham, ventos
não o ressecam.

O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode se molhado nem
ressecado – ele é imortal; não se move nem é movido, e permeia todas
as coisas – o Eu é eterno.

Para além dos sentidos, para além da mente, para além dos efeitos
da dualidade habita o Eu. Pelo que, sabendo que tal é o Eu, por que
te entregas à tristeza, ó Arjuna?

Se o ego está sujeito às vicissitudes de nascer e morrer, nem por
isto deves entristecer-te, ó Arjuna.

Inevitável é a morte para os que nascem; todo o morrer é um
nascer – pelo que, não deves entristecer-te por causa do inevitável.

Imanifesto é o princípio dos seres; manifesto o seu estado
intermediário; e imanifesto é também o seu estado final. Por isto, ó
Arjuna, que motivo há para tristeza?

Alguns conhecem o Eu como glorioso; alguns falam dele como
glorioso; outros ouvem falar dele como glorioso; e outros, embora
ouçam, nada compreendem.

Eterno e indestrutível é o Eu, que está sempre presente em cada
ser. Por isto, ó Arjuna, não te entristeças com coisa alguma.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Bhagavad_Gita

obs: este texto foi extraido do:
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2007/07/acidente_da_tam.html

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